domingo, 25 de setembro de 2011

Aborto: debate à luz do espiritismo (i)


O aborto, sabemos, não é tema pacífico e muitas discussões tem sido travadas em torno dele.

Nós, espíritas, somos francamente contra esta prática, salvo os casos em que a vida da mãe corre risco de morte.

Não é simples e fácil, no entanto, nos posicionarmos em face do largo espectro daqueles que, voluntariamente ou não, se juntam "em favor da vida" e "contra o aborto".

E é, por me sentir particularmente incomodado, com as críticas que se tecem indistintamente contra nós, os "defensores da vida intrauterina", que me pronuncio agora.

Vejamos o trecho de um artigo publicado no Le Monde Diplomatique:
Aborto: entre o hospital e a clandestinidade
         Anne Daguerre (4 de Março de 2008)
Ninguém duvida que a interrupção voluntária da gravidez constitui uma dolorosa e até mesmo trágica opção. Mais trágico, porém, é constatar que sob o véu de cruzadas conservadoras pelo “direito à vida” se ocultam em todo o mundo, práticas terríveis como os abortos clandestinos, o abandono de crianças e o infanticídio
A respeitável articulista (vide dados abaixo) junta todos os que se posicionam contra o aborto como "conservadores". E mais: em outras palavras nos acusa de nos fazermos cegos ou de criarmos cortinas de fumaça (ou de estendermos véus obscurantistas) sobre o fato, inegável, de que existem "práticas terríveis" como os abortos clandestinos, o abandono de crianças e o infanticídio.

Ora o fato, inegável e óbvio, das práticas de 1) aborto clandestino; 2) abandono de criança e 3) infanticídio não tem relação direta com o fato de alguém ser contra a prática do aborto.

É como se dissessem (e dizem):

           SE não apoiarmos as práticas "limpas" e "terapêuticas" (logo, "saudáveis") do aborto legal,
                LOGO
                      concordamos as citadas práticas acima.

Enfim, já se tornou chavão a defesa da prática do aborto como solução para problemas solciais complexos... E, ao mesmo tempo, a defesa da vida do nascituro somente poderia ser uma bandeira daqueles que se juntam em "cruzadas conservadoras", isto é, arcaicas, ultrapassadas, sem qualquer legitimidade, por estarem vinculadas a determinados agrupamentos religiosos, que são, por natureza, "reacionários", "conservadores" e destituídos de qualquer voz "razoável" em torno do tema.

Nós, os espiritualistas de todas as procedências, não podemos, indistintamente, sermos classificados como  "de direita", "conservadores", "reacionários" e incluídos no mesmo rol de movimentos fundamentalistas ou reacionários, que se posicionam contra o aborto.

Daí, portanto, a necessidade dos espiritualistas ou dos espíritas, em particular, de distinguirmos, de algum modo, nossas ações em "favor da vida intrauterina" e "contra o aborto".

Está aberto o debate, para o qual desejamos contribuições.

Nota:
Anne Daguerre é pesquisadora na Universidade de Middlesex, de Londres, e pesquisadora-associada no CERI, Sciences-Po, de Paris.
Fonte: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=152&PHPSESSID=42aea8cb512dc16234fbde253a5e6e7e

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