domingo, 17 de abril de 2011

Perda na visão espírita (ii)

A perda na visão espírita não pode prescindir de outras visões, científicas, filosóficas, quaisquer que sejam, seja para complementá-la, seja para dar sustentação a um bom debate. Ou, como é nosso propósito, dar suporte ao nosso trabalho de esclarecer e consolar (dentro das limitações possíveis!)

Estou, pois, estudando o fenômeno da perda e em busca de base para tal estudo digitei no Google "estudos sobre a perda". Encontrei trechos da obra de Maria Júlia Kovács, especialista brasileira neste tema.

Vejamos o que li:
" As perdas e a sua elaboração fazem parte do cotidiano, já que são vividas em todos os momentos do desenolvimento humano. São as perdas por morte, as separações amorosas, bem como, as perdas cosideradas como "pequenas mortes", como, por exemplo, as fases do desenvolvimento, da infância para a adolescência, vida adulta e velhice. São também vividas como "pequenas mortes" mudanças de casa, de emprego. O matrimônio e o nascimento do filho também são "mortes simbólicas", onde uma pessoa perde algo "conhecido", como o papel de solteiro e o de filho, e vive o "desconhecido" de ser cônjuge ou pai. Estas situações podem despertar angústia, medo, solidão e, neste ponto, trazem alguma analogia com a morte. Carregam em si elementos de sofrimento, dor, tristeza e uma certa desestruturação egóica. Um tempo de elaboração se faz necessário". (Maria Júlia Kovács. Capítulo 9: "Morte, Separação, Perdas e o Processo de Luto". In: Morte e Desenvolvimento Humano. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992, pp. 163-164).
A noção de perda é bem mais ampla do que o nosso senso comum permite perceber. Gostei, especialmente, do termo "pequenas mortes" e "morte simbólica". Eles ajudam a pensar e a buscar meios de expressar para os leitores comuns o que seja este doloroso processo / fenômeno / acontecimento...

Aproveito para mostrar  um cartaz encontrado, mesmo que o evento já tenha ocorrido...

Perda na visão espírita (i)

Partilharei com os nossos poucos leitores (ainda) algumas reflexões a respeito da perda na visão espírita.

A propósito, o filme As Mães do Chico Xavier, em cartaz no país inteiro, trata deste tema.

Os ditos & escritos alheios nos ajuda a refletir.

O primeiro deles, para inicialmente lidarmos com uma perda das mais difíceis:

“Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte”. Sigmund Freud

Temos aqui já dois termos/vocábulos importantes para destrincharmos: vida e morte.

A concepção espírita sobre vida e morte é das mais serenas, tranquilizadoras, consoladoras que se possa imaginar...

O problema é que raros conseguem introjetar, vivenciar, respirar estes conceitos: 

Somos espíritos imortais, portanto, a alternância entre a existência no plano físico e no plano espiritual não nos deveria causar tantos traumas - tanto na ida (morte - desencarnação), quanto no retorno (nascimento - encarnação).

Curiosamente tanto na ida quanto na volta nestas nossas viagens interexistenciais há o sentimento da perda... e com ela a saudade, o desejo de reaver os entes queridos deixados para trás e outros sentimentos que se experimenta.

Se "mesmo a morte é viagem", como diz a poetisa Roseana Murray, e a vida um breve instante de vivência em uma das estações, não haveria razão para se temer o trem da baldeação entre os dois planos de vida, depois de encerrada uma etapa de existência...

Se há tantas idas e vindas e aqueles a quem amamos também seguem o mesmo roteiro, motivo nenhum deveria existir quando o trem de cada um deles chegasse antes do nosso. Portanto, mesmo entre os espíritas, não são poucos os danos causados pela vivência do sentimento da perda.

Daí a necessidade de nos acautelarmos e estudarmos os temas que envolvem a perda. O luto é outro tema conexo importante, que também abordaremos.

Por ora é só. Retomaremos, sem nenhum plano estabelecido, outras conversas sobre o assunto.

Até!